30 de setembro de 2012

O silêncio e uma dose de melancolia.

Lá fora chove e de graça junto se ouve trovões, trovões bem perceptivos. E de dentro de casa eu fecho os olhos e ouço o barulho da chuva, calma e serena. No meu quarto que costumo dizer que é meu mundo me encontro, quero dizer é onde meu corpo se encontra, com a camisa xadrez velha de sempre e o clássico café a me acompanhar. Já está escurecendo e entre o tecido da cortina sobre a janela que impede a visão diretamente para fora coloco meu rosto bem colado para enxergar. Mesmo sendo uma visão complicada consigo ver o escurecer de um dia chuvoso e alguns pontos de luz que na verdade são os postes da rua acesos. Na parte que disse “é onde meu corpo se encontra” me referi em físico e mente. Meu corpo permanece aqui , intacto, no meio desse quarto escuro e tão vazio, aonde a única luz é a do abajur,que já não se encontra em bom estado, e onde o silêncio literalmente chega a nos deixar sufocar sem motivos; ou melhor, existem motivos sim, que o próprio silêncio é o culpado, o meu silêncio. Me sinto sufocar com as palavras que deixei de dizer preferindo ficar em silêncio, palavras verdadeiras que hoje me sufocam querendo sair e ser pronunciadas , que não querem se sentir insignificantes como um dia disse que eram. Mas de que adianta agora ? de que me adianta ? de que nos adianta ? não adianta de nada elas virem à atoar justamente agora que a história mal feita se chegou ao fim. E que final trágico para um romance que se dizia verdadeiro ! Mas e agora aonde eu errei, aonde erramos em nossa história de amor ? será que te deixei livre demais ou te prendi sem deixar uma corrente se quer sem cadeado para você me deixar dessa forma. Creio que tudo que é demais enjoa, cansa e tudo que é de menos chateia, te faz perceber que existe e que merece algo melhor. Mas aonde me encontro em meio a esses argumentos, em qual opção me encontro ? Fui o demais te enjoando ou o de menos te chateando e te fazendo perceber que existia algo melhor a tua espera. E hoje olhando para dentro de mim acredito que fui o demais em certas coisas e o de menos em outras. Fui o demais em coisas que teria de ser o de menos, e o de menos em coisas que deveria de ser o demais em tua vida. Acontece que sempre tenho de ser o contrário, a parte ruim da história, o pedaço do bolo deixado na bandeja. Se quer saber sinto tua falta, sinto muito. Na verdade sinto muito por tudo, sinto muito por ti, sinto muito por nós, sinto muito por mim, sinto pena de mim. E nesses dias chuvosos o silêncio chega assim, devagarinho e cada dia me aprofundo cada vez mais nele, e assim ele tem o direito de tirar a minha vontade de viver, de sorrir. E por falar em sorriso o teu riso faz-me uma falta danada, e me diga, como faço para o encontrar outra vez ? Sinto que um dia o encontrarei mais uma vez, mesmo você não dando mais nem um sinal de vida, um SOS pedindo socorro como nos filmes, ou apenas um sussurro ao telefone pela madrugada me dizendo que esta vivo e que sente minha falta para se sentir vivo de verdade, ou talvez ver como estou e dizer que está vivo, bem vivo e muito bem por sinal me desejando que fique viva e bem da mesma forma. Dando um ponto final verídico em nossa história, onde apenas o príncipe se encontra em um final feliz e a princesa é como a Rapunzel esperando pelo seu amado, esperando para vir lhe buscar e lhe salvar do alto da torre. Mas acontece que no final da história de Rapunzel ela é salva pelo príncipe. Mas no final da minha história como Rapunzel ela fica presa, no alto da torre sem final feliz, se entregando apenas ao silêncio que à venceu.

Divulguem ...