29 de agosto de 2012

Lembranças de inverno.


Naquela tarde em que estava sentada a beira de uma mesa bebendo um café, lendo um bom livro e observando o movimento da rua pelo vidro embaçado da lanchonete. Avistei atravessando a rua um casal em que o homem tirou seu casaco e colocou sobre sua mulher ficando apenas de camisa em meio aquele mês de julho, que por sinal estava congelante. Percebi que o amor deveria ser isso mesmo, tirar o casado no frio e dar à amada para lhe aquecer; carinho eu diria que seja. De certa forma tive vontade de ter um carinho assim, um primeiro amor. Essa faze talvez já teria passado em minha vida; eu que sempre exalei independência estava sentindo falta de alguém que não tinha. Quando de repente viro o olhar à porta da cafeteria e avisto um homem charmoso e bonito, tinha uma boa postura e um sorriso fora do comum, mas não dei tanta importância e voltei a beber meu café. Percebo alguém chegando para perto da minha mesa e levanto o olhar; era ele o homem que havia acabado de chegar. Perguntou educadamente se poderia se sentar em minha mesa. Como havia sido educado não iria dizer que não, respondi que não tinha problema e continuei a ler o meu livro. Ele perguntou quem era o autor do livro que eu estava lendo; lhe disse que o livro era de um autor francês. Depois perguntou meu nome, eu lhe disse, ele da mesma forma me respondeu dizendo que o seu era Ricardo. Conversamos e descobri que ele era jornalista, adorava arte e gostava de esporte, Enquanto isso, chega uma criança na lanchonete pedindo algo para comer, a balconista afirma que não pode lhe dar nada e que ela deveria pagar. Sendo assim quela criança que deveria ter apenas 7 anos saiu cabisbaixa e passou pela nossa mesa. Ricardo a pega pelo braço, de primeiro momento fiquei assustada como a criança havia ficado. Ele a diz que estava tudo bem e que era para ela se sentar ali, que ele pagaria o que ela quisesse comer. A maior esperança naquele momento senti nos olhos daquela criança, que talvez não comia a muitos dias. Ela se sentou no lado de Ricardo para comer, ele conversava com ela sobre sua família, ela diz que não tinha; que havia se perdido dos pais e dos irmãos e que não imaginava aonde eles pudessem estar. Ricardo à diz que vai encontrar seus pais e ela terá a sua família de volta. Ele teve a ideia de fazer uma matéria no jornal tentando localizar a família da criança, assim ela o conta toda sua  história. Hoje aqui sentada na mesa da mesma lanchonete fazendo um mês que conheci Ricardo, leio não um livro mas um jornal onde a principal notícia é a matéria dele afirmando que tinha encontrado os pais daquela criança e hoje ela teria novamente um lar e o amor de seus pais e irmãos ! Tenho como lembrança não um homem charmoso, jornalista e que gosta de esportes como aquele dia tinha reparado; mas sim um homem que tem amor e o tem independentemente de cor ou classe social. Ricardo me ensinou naquele dia que amor não está somente em casais gentis um com o outro mas também nos gestos mais simples. Como ele mesmo fez com aquela criança. Ajudou uma pessoa que não conhecia e deu esperança a ela, e a mim também; me ensinado que não devo apenas pensar em mim e ser totalmente independente, porque dependo das outras pessoas como elas dependem de mim. Aquela tarde dependi de Ricardo para me mostrar que outros dependiam de algo que, eu talvez poderia ajudar.

Divulguem ...